Carta ao DT

      Era madrugada. Um sonho irreal me aconteceu. Parecia estar diante do trono de Deus. Os anjos e querubins anunciavam com suas potentes vozes “Exaltado, Exaltado!” àquele ser brilhante que estava assentado num lindo e sublime trono completamente revestido de ouro. Suas vestes eram brancas como a neve e sua voz potente como a de um trovão. Naquele lugar havia ruas de ouro, prata e bronze e rios de águas purificadoras que corriam ante o trono daquele Ser reluzente.

      Fiquei perplexo, maravilhado com tudo o que vi e dentro de mim gritava: “Senhor, Deus meu, como eu preciso de ti. Aba Pai! É neste lugar que eu quero morar.” Acordei com o rosto molhado, corpo trêmulo e coração acelerado. Percebi que toda aquela experiência não fora em vão. Era necessário um descrente ver o céu para crer que existe um Deus.

      Ajoelhei-me e orei a Deus: “Senhor, quero me apaixonar por ti, pois sei que ainda há esperança para mim. Reconheço que todo o sacrifício de amor pago pelo teu filho, Jesus, naquela cruz foi para que eu me salvasse. Se ainda existe uma cruz nela eu quero me apegar. Por amor de ti eu entrego a minha vida, pois sei que me amas e sob os teus cuidados eu posso ser alguém melhor. Jesus, o Cristo, Emanuel, Príncipe da Paz! Não sei que nome posso lhe chamar, mas faça de mim teu servo leal, amigo fiel. Cria em mim a canção do amor, a canção que não tem fim. Dê sentido a minha vida. Em teus braços eu quero estar. Amém”.

      Levantei-me e peguei o mp3 da minha irmã que estava sob o criado-mudo do meu quarto. Não sei como aquele dispositivo estava no meu quarto. Só sei que comecei a ouvir as músicas que estavam armazenadas nele e uma musica “Tua visão” chamou-me atenção por que retratava tudo o que havia passado naqueles poucos momentos.

      Embora sem saber o que estava fazendo bradei bem alto um “Glória Deus” seguido de um “Aleluia”. Na verdade, sempre ouvia minha irmã falar estas palavras quando queria seus sentimentos por Jesus. Resolvi voltar a dormir embora estivesse extasiado.

      De manhã, acordei e olhei pela janela o amanhecer. Minha irmã apareceu no quarto e disse: - Acorda, irmão! O Sol da Justiça resplandece sobre a tua vida!

      Ela nunca havia feito aquilo. Minha irmã nunca foi ao meu quarto para, sequer, me dar um “bom dia”. Entretanto, com a voz baixa e levantando da cama, exclamei: - Eu creio!

      No balançar da minha cabeça para despertar ela fecha a porta. Corri para pedir que ela avisasse mamãe que apressasse o desjejum, pois logo iria para a universidade, mas em fração de segundos quando reabri a porta ela não estava pelo corredor. Durmo no segundo andar da casa e ela no térreo. Fui ao seu quarto e quando abri a porta ela estava dormindo.

      Entrei no quarto e sentei na cabeceira da cama e tocando em seus pés perguntei por que ela havia me acordado e dito aquelas palavras. Bocejando e confusa Bia me disse que estava sendo acordada por mim. Fiquei confuso. Como tudo aquilo acontecera? Então, resolvi contar-lhe toda a experiência que havia tido com Deus na madrugada.

      Compulsivamente, Bia começou a chorar. Não um choro de tristeza, mas de felicidade. Ela orou por mim e disse que há muito tempo orava pela minha vida. Em nossa família eu era o único descrente, sem religião, sem Deus. Ela disse que pedia a Deus que me protegesse e que se revelasse a mim, pois ela já havia tentado várias vezes me levar à igreja e sempre dizia que não acreditava no Deus que ela servia.

      Hoje, 15 de novembro de 2013, faz vinte anos que sirvo a Jesus. Minha irmã morreu dias depois da minha conversão. Ela sofreu um acidente automobilístico e quando estava no leito do hospital pediu que me chamassem. Suas últimas palavras a mim foram para que eu nunca me afastasse dos caminhos do Senhor.  Ela costumava cantar todas as manhãs músicas que exaltavam a Deus e naquele dia pediu que cantasse uma música com ela. Havia um trecho da música que dizia “Tu reinas no trono dos céus. A criação se prostra aos teus pés! Tu reinas vestido de glória! Os anjos te adoram aos teus pés. Pra sempre governarás, teu reino não passará. Ó santo Deus, fico maravilhado, tu és muito mais do que eu possa expressar!”

      Logo após cantarmos esta música Bia caiu em sono profundo. Sua respiração estava ofegante, mas ela carregava consigo um lindo sorriso. Parecia que nada havia lhe abatido. Ela tinha a certeza de que estava indo se encontrar com Deus. Ela estava indo para o lugar do meu sonho. E tenho a certeza de que breve vou reencontrá-la e juntos vamos adorar ao Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Jesus.

 saudades eternas,

Billy.

 "Se você leu atentamente ao texto percebeu que há algumas palavras em negrito. Não foi ocasional. A carta ficcional é uma homenagem minha para uma das bandas que ouço frequentemente. DT, conhecido como Diante do Trono. Homenagem, pode-se dizer, a outro atalaia, o Heitor. Esse, com certeza, é fã! Espero que tenham gostado. Abraços."